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sexta-feira, 1 de junho de 2012

Deus da vida versus deuses da morte

Na experiência exodal apresentam-se dois projetos antagônicos: O faraônico e o hebraico os quais acirram um embate que explicita a força do Deus da vida sobre os deuses da morte. Tal luta acontece articulada pelos dois lados tendo como pano de fundo o contexto político-econômico da época. Assim, alguns elementos são imprescindíveis para a resistência hoje frente aos novos impérios faraônicos.
Podemos chamar estes de nações desenvolvidas que, a custa da exploração de outras, buscam manter um padrão vida extravagante (balancin).

A libertação tal como é narrada no livro do êxodo não decorre de um ponto estanque e casual e não pára em um momento programado, mas é processo continuado na luta de todos os descontentes com as injustiças em todas as épocas.

Uma observação fundamental é que o projeto do êxodo interpela-nos a tomar uma decisão radical: Ficar do lado da vida ou da morte, do oprimido ou do opressor. Não existe neutralidade, nem meio-termo. Todavia, ficar do lado do Deus da vida é exigido desafiar, se necessário, até a morte, os deuses da opressão, indo contra todos os esquemas de injustiça. Assim, vemos nos relatos da Bíblia no tocante ao povo escravo no Egito.

A libertação inicia com a ousadia e astucia da mulher. O ser feminino visto como o mais fraco, que serve apenas para trabalhar e procriar. Acreditavam que a mulher era apenas depositária da vida advinda do homem. Muito tempo depois é que vem a descoberta do óvulo feminino. Eis o que diz Tea Frigerio (2005, p. 45):

"O Faraó, o potente, o Sábio nem percebe ao ser iludibriado, enganado. Acredita na palavra das parteiras, nem faz represália contra elas. Meninas que nem merecem ser contempladas nas sábias medidas, que escapam da morte por não valer. Não suscitam suspeita, não são consideradas capazes de pensar, de programar, de resistir, mulheres, ventres de aluguel, não pensam, não tem cérebro.. o poder da via vida das mulheres é maior que a razão de estado. Ele considera-se esperto, sábio, mas é vencido pela verdadeira esperteza, pela verdadeira sabedoria: a das mulheres".

Outro elemento significativo no processo de libertação é o enfretamento ideológico no que compete as nossa mentalidades nas quais foram introjetadas verdades e medos capazes de estagnar nossos passos ruma a libertação. Não possível acontecer uma libertação integral sem desconstruir os deuses faraônicos dentro de nós.

Orofino (2004, p. 12) apontou cinco obstáculos na caminhada do êxodo: o imediatismo, as murmurações, a dúvida, o acúmulo e a centralização. Tais possibilitam que a sociedade faraônica seja continuamente reproduzida.

Uma música do cantor popular e nordestino Zé Vicente cabe bem nesta reflexão.

De repente nossa vista clareou! Clareou! Clareou! E descobrimos que o pobre tem valor. Tem valor! Tem valor!

1. Nós descobrimos o valor da união, que é arma poderosa, e derruba até dragão. E já sabemos que a riqueza do patrão, e o poder dos governantes, passa pela nossa mão.

2. Nós descobrimos que a seca no Nordeste, que a fome e que a peste, não é culpa de Deus Pai, a grande culpa é de quem manda no país, fazendo o povo infeliz, deste jeito é que não vai.

3. O que nós vemos é deputado e senador, militar e jogador, recebendo milhões. Enquanto isso o povo trabalhador, derramando seu suor, tem que viver de tostões.


01. Balancin, Euclides. Como ler o livro do êxodo. São Paulo: Pulus. 1991

02. Valmor da Silva. Deus Ouve O clamor do povo - Teologia do Êxodo. Paulinas
03. 11º Intereclesial das CEBs. CEBs: Espiritualidade libertadora - Seguir Jesus no compromisso com os excluídos. Texto-base. Secretaria Nacional
04. Curso de Verão na Terra do Sol. 2004 Êxodo - caminhos de liberdade



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Fonte:http://escolabiblicasamaritana.blogspot.com.br/


Sobre o autor
Ernande Arcanjo é estudante de Serviço Social, assessor da Pastoral da Juventude do Ceará, voluntário no Trabalho em defesa da vida e participante de Escola Bíblica Samaritana-CEBI.

Um comentário:

  1. Companheiro Ernande, seu artigo é mui bom, lembra também outra reflexão atual no modo de produção capitalista, compreendendo nesta realidade duas forças contrárias: a do explorador e a dos explorados...
    Um abvraço,
    Jonas.

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