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sexta-feira, 1 de junho de 2012

O que vamos beber?

No Primeiro e no segundo Testamento, encontramos várias narrativas relacionadas à Água, nas quais também percebemos que não ter água para beber é motivo de grande desespero, principalmente quando se está no deserto e muito longe das nascentes.

O deserto é sempre um lugar de solidão e vazio; lugar árido e desolado. E isso também se dá com o deserto de Sur, por onde Moisés conduziu o povo, depois que partiram do Mar dos juncos rumo à terra prometida.
Ali, o povo libertado do jugo do faraó iniciou uma caminhada longa e sofrida. Tiveram que passar por várias privações, entre elas a falta de alimentos e água. Foi grande o desconforto, mas todo processo de libertação exige sacrifícios. Exige superar as dificuldades que surgem no decorrer do caminho, em direção à total libertação.
Êxodo 15,22-27 trata, justamente, do que significa ser socorrido e libertado no deserto, por Deus, ao relatar o milagre da transformação das "águas de Mara em água doces" (15,25).
Passado a penas três dias da saída do Mar dos juncos, a falta de água potável vem a ser a primeira experiência de perigo de morte enfrentada pelo o povo, que sentia sede e perecia andar sem rumo em busca de água.
Quando chegaram a Mara, foi grande a decepção. Não podiam beber das águas, pois eram amargas (MARA EM HEBRAICO SIGNIFICA AMARGA). Chegaram até lá porque não sabiam das condições das águas (15,23).
Começaram, então, a resmungar contra Moisés, perguntando: "O que vamos beber?" (15,24). A murmuração provinha do não assumir a condição de povo livre. Ao considerar Moisés um líder, achavam que ele deveria responder pelas necessidades básicas do povo.
Moisés não se irritou com o povo. Ele compreendeu sua aflição e assumiu o protesto. Em forma de grito, clamou a Javé pedindo ajuda. Javé ouviu o clamou e informou a Moisés sobre uma planta. Ele a jogou nas águas e elas se tornaram doces. Assim, o povo experimentou a providência, divina.
Outro aspecto importante é que foi nesse lugar que Javé lhes fixou leis e costumes: "Se ouvires atentamente a voz do Senhor, teu Deus, se fizeres o que é direito aos seus olhos, se prestares atenção aos seus mandamentos, se guardares todos os seus decretos, não te infligirei nenhuma das moléstias que infligi ao Egito, pois eu sou o senhor , que te curo"(15,26).
Depois partiram para Elim e lá puderam experimentar, de maneira abundante, a providência divina, pois encontraram doze fontes de água potável e setenta palmeiras, o que representou um grande conforto. Puderam então acampar junto às águas, no meio do deserto de Sur. Os números são simbólicos. Doze representa as doze tribo de Israel, e setenta, dez vezes sete, expressa a ideia de grande conforto e abundância do amor de Deus.
A saída de uma situação de opressão para libertação representa sair rumo ao deserto. Não sabemos o que realmente vai acontecer. Podemos encontrar lugar de descanso ou águas amargas. Podemos enfrentar decepções; sentir sede e até mesmo gritar, perguntando: " O que vamos beber?". Mas, ao mesmo tempo, aprendemos com as amarguras: a buscar a Deus, a ouvir sua voz; a obedecer seus ensinamentos para encontrar nosso Elim, ou seja, todo bem-estar que a presença de Deus nos proporciona. As águas doces, que matam nossa sede, são os mandamentos, os ensinamentos, a voz de Deus a nos dizer o que é certo ou errado, águas que nos transforma se realmente desejamos ser livres para sempre, é necessário fundamentar a nossa existência nesse ensinamento. Todos, indiferentes da posição social, somos chamados a beber da mesma água, para construirmos uma sociedade e uma história voltadas para a vida. Só assim teremos a verdadeira liberdade.
Fonte:http://escolabiblicasamaritana.blogspot.com.br/


Sobre o autor
Tiago Ferreira Lima é professor de educação religiosa e catequista na Paróquia são Geraldo Majella. Participa da Escola Bíblica Samaritana (CEBI).

Um comentário:

  1. Companheiro Tiago, é bom saber e contar com cabeças pensantes que buscam transformar o mundo em que vivemos, apesar do capitalismo, mas como no deserto também tem oásis, sempre encontramos uma saída rumo a libertação... Valeu.
    Um abraço,
    Jonas.

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