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quarta-feira, 16 de maio de 2012

O caminho de nossos pais 

e o nosso caminho hoje.

Há uma grande preocupação dos exegetas bíblicos em relação à reconstrução da história das madriarcas e patriarcas, principalmente após a ¹década de 70. Sabe-se hoje por consenso que, tal como se encontra na Bíblia, a história deles não foi linear. É bem provável que, Por exemplo, Abraão, Isaac e Jacó não eram ²biologicamente da mesma família, o que os uniam eram a experiência de fé. Ainda vale resaltar que os seminômades como são assim chamados, a princípio tinham seus deuses e deusas. Yahweh era um Deus dentre outros, tendo inclusive a deusa Asherah, ao seu lado, a qual foi apagada na história devido o predomínio patrarcal³.


Minha reflexão, contudo, não é exegética (não tenho gabarito para isto), mas refletir a experiência de fé de nossos pais e mães com um olhar voltado para nossos tempos, onde muitos sofridos ainda penduram na história em busca da "terra prometida". São os muitos Abraãos, saras, e rebecas vivendo as margens dos latifúndios modernos: negros, índios, moradores de rua etc. Portando não basta só buscar saber como foi à história dos precursores de nossa fé, mas, como podemos experimentar, inspirados neles/as, uma fé profunda a partir de nossa realidade.

Alguém questionou no segundo encontro da Escola Bíblica Samaritana (Cebi), cadê, a terra prometida? Lembrei, então, de uma palavra interessante: utopia! Cujo sentido move a luta de tantas pessoas por um mundo melhor. Esta palavra é que, por exemplo, impulsiona a luta do MST pela divisão justa da ; esta palavra é que dá vigor a entidades que defendem os diretos dos trabalhadores, dos grupos defensores do meio-ambiente e muitos outros.
Uma observação interessante: Essa luta não é individualista, mas sempre coletiva, assim como na história das matriarcas e patriarcas, onde buscavam uma vida melhor para todos. Eram também pobres e oprimidos, embora os escritos bíblicos, feitos depois, dê acréscimo econômico a eles, talvez como símbolo de benção, ou com um intuito monárquico. "Foi de um grupo de pobres pequenos criadores de ovelhas e lavradores que nasceu o Povo de Deus" (Marcelo de Barros).

Contudo, o que eles tinham de mais peculiar era a relação intima e profunda com as divindades (depois convertida no monoteísmo). O Deus de Abraão, o Deus de Isaac, o mesmo de nossas mães, era o Deus mantenedor da vida. Diz Sandro Galazzi: "O lugar da vida é o lugar da árvore. Este é o lugar do Deus de Abraão, onde há uma grande árvore, há água, há pasto. E onde há pasto há vida para o seu pastor e rebanho". E sobre Isaac, emfatiza Galazzi: "Trata de outra situação histórica. O lugar onde Isaac bendiz a Deus, já não é a arvore grande. O lugar de Deus para Isaac é o poço".

Estas famílias resistiam aos grandes latifúndios, aos deuses que legitimavam a opressão dos reis. Hoje, a luta continua sustentada naqueles que defendem a vida ameaça, especialmente naqueles que carrega um Deus da vida. Bem nos narra Carlos Mesters:
"Abraão é todo aquele que, em nome de sua fé em Deus e por causa do seu á amor a vida, se levanta contra toda uma situação de injustiça e de maldição, criada pelos homens, e que, para mudar essa situação, está disposto a abandonar tudo, a trocar o certo pelo incerto, o seguro pelo inseguro, o conhecido pelo desconhecido, o presente pelo futuro".

Não teria palavras melhores para concluir esta pequena reflexão.




Referências
01. AUTH, Romi et al. (org). O povo da Bíblia narra suas origens SAB. Belo Monte: Paulinas, 2001

02. JOSÉ, Airton. A História de Israel no debate atual. Disponível em: . Acesso em 10 mai. 2012.

03. CORDEIRO, Ana Luiza Alves. Asherah, a deusa proibida. Disponível em:< http://www.abiblia.org/artigosview.asp?id=80>. Acesso em: 10 mai. 2012.

04. SOUSA, Marcelo de Barros. A Bíblia e a luta pela terra. Petrópolis: Vozes, 1983.

05. GALAZZI, Sandro. Por uma terra sem mar, sem templo, sem lágrimas. Petrópolis: Vozes, 1989.

06. MESTERS, Carlos. Abraão e Sara. Petropolis:Vozes, 1989


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Fonte:http://escolabiblicasamaritana.blogspot.com.br/


Sobre o autor
Ernande Arcanjo é estudante de Serviço Social, assessor da Pastoral da Juventude do Ceará, voluntário no Trabalho em defesa da vida e participante de Escola Bíblica Samaritana-CEBI.

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