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quarta-feira, 16 de maio de 2012

Reinterpretando os sonhos de José

Descortinar a metáfora de José do Egito implica, antes, o rompimento de uma ótica ingênua impregnada em nossas cabeças por uma formação domesticadora. Portanto, a hermenêutica aqui desenvolvida parte de uma reflexão crítica, propondo furar o véu das palavras e apresentar a relação dominado/dominador implícita nos sonhos de José.


Não nos interessa saber se José era bom ou mal, vítima ou culpado, mas sim apresentar a mensagem escondida atrás de uma história doce e bem elabora capaz de nós encher de emoções. Contudo, deter-me-ei nos sonhos do protagonista trazendo uma reflexão conforme o chão que hoje pisamos.

Os sonhos que o capitalismo nos oferece são os sonhos do progresso, onde o pobre poderá ser rico. Sabemos que esta não é a verdade, porque há um concentração de renda nas mãos de quem quer cada vez mais.

Encontramos a História em Gênesis do capitulo 37 ao 50. Ela faz uma ponte do Livro de Gênesis com Êxodo. José apresenta-se como filho mais quisto pelo seu pai Jacó. Os irmãos o venderam não por ser o mais querido pelo pai, e sim pelo sonho que teve. A primeira ideia quer mostrar é a lógica do poder-dominação. Bem questiona Valmor, mestre em exegese bíblica "Quando José sonha que os feixes de seus irmãos estão se inclinando para o dele(Gn37,5-11), não está querendo ser rei e dominá-los? E quando os irmão planejam matá-lo, não estão dizendo que as tribos rejeitam radicalmente o sistema monárquico?". A experiência de opressão imposta pelos reis não era nada agradável.

Os dois próximos sonhos que José tem no decorrer do seu caminho mostra os abusos dos mantenedores do poder dominação. O rei decide quem morre e quem continua a viver, como um deus. Este mesmo faraó é quem engrandece José. Mas é o Deus da vida, o Deus da tenda, do poço, o Deus do caminho que dá a vida e liberta, ele não apenas faz caridade. Ele rejeita radicalmente estes tipos de sonhos.

O sonho do faraó que leva o progresso de José é o do acumulo. Os sete anos de fartura e os sete da penúria tem o engrandecimento do poder faraônico. Pode até parecer que Deus aprova esta estrutura injusta, contenta-se tão somente colocando um caridoso no poder para ajudar os necessitados. A questão vai além... A divisão de bens é o plano do Deus libertador. Para isto é preciso à construção de um modelo de sociedade justa e solidária, contrário à lógica do capitalismo, o qual através neoliberalismo, propaga os sonhos do desenvolvimento econômico através dos esforços individuais e da competitividade. A história mostrou que quem acumula muito, cada vez mais quer acumular, enquanto outros nada têm.

É importante ressaltar que alguns estudiosos bíblicos defendem que a história de José foi escrita no período salomônico a fim de legitimar, ainda mais, o seu poder monárquico diante do povo.

Outro foco é o período contado pela história num contexto onde as cidades-estados oprimiam os camponeses. Vendo deste ponto de vista, não foi a toa que José foi rejeitado pelos irmãos, uma vez que interpretaram querer ele ser o rei. Ainda ressalta Valmor "A transferência de Jacó e de seus filhos para o Egito(Gn 45), talvez representa a passagem das tribos de Israel para o sistema tributário. Que retrocesso". Esta não é a promessa feita as matriarcas e patriarcas. É algo muito maior.



Valmor da Silva. Deus Ouve O clamor do povo - Teologia do Êxodo. Paulinas

Tradução Bíblia Pastoral - Paulus


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Fonte:http://escolabiblicasamaritana.blogspot.com.br/


Sobre o autor
Ernande Arcanjo é estudante de Serviço Social, assessor da Pastoral da Juventude do Ceará, voluntário no Trabalho em defesa da vida e participante de Escola Bíblica Samaritana-CEBI.

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